A Vingança dos Filmes B – Parte 2
Alguns dias atrás eu fiz uma jabá
para o meu amigo Cristian Verardi sobre o seu festival que foi exibido esse
final de semana (23-25 de Novembro 2012) na sala P.F. Gastal em Porto Alegre. O
festival se chama A Vingança dos Filmes B – Parte 2
e infelizmente eu só conseguir ir no sábado dia 24, mas só esse dia certamente
já valeu e muito. Primeiro por ter conferido ótimas produções independentes e segundo
por ter quase morrido de rir de outras produções. Vou fugir um pouco da
estrutura habitual do Review Maluco e vamos ver no que dá.
Sessão 17:30
Trash’O’Rama
Cachorro do Mato
Esse curta-metragem do Espírito Santo com a duração de ótimos 15 minutos
teve a direção, produção, edição, atuação e qualquer outra coisa de Mauricio Ribeiro
Junior. O resto do elenco são os amigos que estão sempre dispostos a pagar um
King Kong.
Temos na história um casal qualquer que mora em um sitio ou chácara e
descansam a sobra numa tarde ensolarada. O magrão vai dar uma mijada e é
atacado por alguma coisa, que depois rapidamente ataca a mulher, matando-a ali
mesmo. Ainda não tem como saber o que mataram eles, porque quando foi para aparecer
a criatura à câmera fica em primeira pessoal.
Vinte anos depois um cara gente boa convida os seus amigos para passar um
final de semana agradável em um sítio/chácara que ele acabou de comprar. Então
temos aquelas conversas clássicas de “foi difícil chegar aqui?” ou “nem é tão
escondido assim né” e um dos caras fica espantado com o tamanho do lugar e
afirma que deve ter sido uma fortuna. Então o dono do lugar diz que eles nem
vão acreditar no calor, ele até com fica com vergonha e nem diz o preço, mas
ele afirma que foi muito barato, mas muito mesmo.
Logo o gordinho paranóico acha que se foi muito barato para uma propriedade
tão boa é porque alguma coisa está errada e é claro que está, porque tem um
cachorro do mato assassino a solta. Eu acho que cachorro é uma palavra muito
forte para definir o animal e eu acho que animal também é uma palavra muito
forte para descrever aquilo. Na real era a mesma coisa quando tu jogava Atari,
porque tu tinha que imaginar as coisas, porque era uns quadrados amontoados e
tu tinha que forçar a imaginação para entender que aquilo era uma aranha ou um
cactos ou um boxeador. A idéia aqui é a mesma coisa, porque tu tens que
acreditar que é um cachorro, porque para mim mais parecia uma pichorra de uma
mini ovelha preta ou no máximo de um poodle muito feio.
Daí para frente à coisa fica hilária, porque é a pichorra matando todo
mundo e das maneiras mais engraçadas possíveis, até dentro da piscina e depois
pulando de dentro da piscina para matar uma mina que ia sair correndo. Para
quem não acredita ou acha que eu estou exagerando segue abaixo o curta na
integra.
Bom, vamos às notas:
Diversão
|
4
|
Tosquice
|
5
|
Trama / História
|
2
|
Amarga Hospedagem
Essa inacreditável produção teve
a direção de Claudio Guidugli que se eu contar tu não vai acreditar. O filme tem
a duração de 60 minutos e Claudio filmou tudo com uma cyber-shot e editado em
um programa de PC qualquer, mas cara isso na é para desmerecer o filme bem pelo
contrário. Se derem uma câmera boa, grana e um pouco de noção para o cara ele
vai dominar o mundo. Posso estar sendo meio repetitivo, mas é simplesmente inacreditável
a qualidade do filme e isso me surpreendeu muito. Ele é um filme trash sim, mas
um bom filme trash e ainda por cima filmado em Roca Sales que é uma cidade no
interior do Rio Grande do Sul que tem um pouco mais de 10 mil habitantes. O filme
ainda tem Roberto de Paula, Franciele Cacimiro e mais algumas pessoas que infelizmente
não sei o nome agora, mas eles deveriam ser mencionados com certeza.
Eu poderia resumir o filme
dizendo que é um Massacre da Serra Elétrica do Vale do Taquari, mas não ia ter
a mesma graça de contar os detalhes. Na história temos uma moça que precisava
de uma grana e foi em um agiota pikareta que prontamente emprestou o dinheiro
com juros pornográficos. Só que como a moça estava precisando, não havia muita
opção se não pegar o empréstimo. O problema é que quando ela sai do lugar e vai
indo para casa uns motoqueiros começam a seguir a jovem. Ela apavorada entra em
um taxi e pede para o motorista apenas seguir em frente, mas já era tarde. Os
motoqueiros sacaram o trabuco e levaram a grana. Então depois a moça vai até o
agiota pikareta para pedir um prazo só que o cara não sede aos encantos da moça
e diz que não tem como dar mais prazo e que ela tem que dar a grana no dia
combinado.
No desespero a moça chama dois
amigos e montam um passeio de bicicleta pelo vale para arrecadar uma grana. Eu
sei que não deveria dizer passeio de bicicleta que o correto seria uma trilha
de mountain bike, mas eu sou velho e passeio de “bice” era como eu chamava.
Mesmo com muita divulgação apareceu somente mais um cara, fechando um grupo de
quatro pessoas. Já que fudeu mesmo pelo menos vamos dar uma banda de bike. Durante
o passeio um dos abobados caiu barranco abaixo e machucou feio a perna. Quando
os outros três se dão conta que o cara sumiu, eles voltam para procurar o
carinha. Depois de localizar o vivente e notar que a sua situação é
periclitante, os três resolvem procurar ajuda nas propriedades rurais nos
arredores.
O azar deles é que a fazenda que encontram
é de um psicopata que transforma as pessoas em lingüiça e as vende na cidade. Agora
se da inicio ao pesadelo dessas três pobres almas inocentes. Na real não são
tão inocentes assim, porque quando o fazedor de lingüiça vai dar uma girica nas
mochilas das pobres almas, ele encontra umas tocas ninja e duas pistolas e quem
é que vai dar um passeio de bicicleta com toca ninja e pistola? Charles Bronson
ou aqueles paranóicos do Vietnam só se for.
Como o filme tem orçamento zero
ou quase isso, tu filma com o que tem disponível e quando tu vai fazer uma cena
de tiroteio e a única coisa que tu tens é munição de verdade, porque tu não tens
grana para comprar festim, vai munição de verdade mesmo. O cara é maluco,
porque tem uma cena que a nossa heroína, que é namorada do diretor também, está
atrás de uma árvore e o fazedor de lingüiça atira nela. O detalhe é que é uma arvore
modesta, não é uma sequóia ou uma figueira de dois mil anos, é uma arvorezinha qualquer
e o cara mete bala na mina, muito sem noção. Ou tipo a mina está “protegida” atrás
de uma porta e o cara da tiro na porta. Agora tem uma cena do arremesso do
machado que sai girando foi muito bem feita, realmente genial, apesar do cara
quase perdeu um dedo também, mas genial de qualquer maneira.
Outra coisa que tem que ser mencionada
é a trilha sonora. Cara quando o fazedor de lingüiça sai atrás da nossa heroína
no meio da mata e de fundo vem a musica do Conan, escorreu uma lágrima, muito
bala. Temos Slayer, Metallica, Krisium, Jaw, Último dos Moicanos e mais uma dúzia
delas que aposto que foram pagos todos os direitos autorais necessários para a
sua reprodução no filme.
Parece que tem uma locadora de
filmes de Roca Sales que tem em seu acervo os filmes independentes da cidade,
para quem quiser alugar. Isso é que é exemplo para esse pessoal da capital. Não
é porque o Cristian Verardi ajudou na produção do filme que e estou falando
bem, é que realmente me surpreendeu muito essa produção totalmente
independente, com atores amadores e orçamento zero. Parabéns a todos envolvidos.
Bom, vamos às notas:
Diversão
|
5
|
Tosquice
|
4
|
Trama / História
|
4
|
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