terça-feira, 14 de maio de 2013

IX FANTASPOA - Cru + Pequena Fábula Urbana


Cru


Nosso filme da vez foi lançado em 2011 e teve o roteiro e direção de Jimi Figueiredo que teve a sua estreia em longas-metragens. Antes desse filme ele fez alguns curtas como Superfície, Paralelas, Quase de Verdade e Pequena Fábula Urbana que inclusive passou antes do filme e que vou fazer um review bônus no final. No elenco temos Chico Sant’Anna (Simples Mortais, Subterrâneos), Sérgio Sartorio (Simples Mortais), André Reis (A Noite por Testemunha), Rosana Viegas (Billy Pig), Juliana Drummond, Pedro Moraes e André Deca. Cru é baseado em uma premiada peça de Alexandre Ribondi que também dirigiu e atuou em A Última Vida de um Gato, As Invejosas, Solitário e Barato entre outras várias.


Na história temos Zé (Chico), um misterioso senhor que está chegando em um pacato e interiorano vilarejo que fica onde Lúcifer perdeu o tridente. Nesse vilarejo ele vai até o açougue local e se senta em uma mesa, só que a dona do açougue não se aguenta de curiosidade e começa a puxar papo com o tiozinho. A dona do chique estabelecimento é Frutinha (André), um travesti que com toda educação e boa vontade tenta arrancar alguma informação de Zé, que se mantém firme no que diz respeito a ser misterioso. A única coisa que Frutinha consegue descobrir é que Zé está esperado alguém para fechar um negócio.


Esse alguém é Cunha (Sergio) que na realidade é um matador de aluguel e está lá porque o tiozinho quer contratar os serviços semi profissionais de jagunço pistoleiro do cabra-da-peste. Eles passam uns 30 minutos do filme discutindo sobre como é que o alvo do tio Zé deve morrer e como o tiozinho está pagando e muito bem pago, a coisa vai ser mais ou menos o seguinte: dez da noite, no hotel, quarto 22, tiro na testa, mas só depois de olhar bem nos olhos do alvo. Zé até faz Cunha prometer que só pode matar depois de olhar bem nos olhos do futuro presunto e que Cunha perceba que o futuro presunto saiba o porquê ele está morrendo, mesmo não contando nada para o futuro morto. Sinistro...


Enquanto tudo isso vai rolando no açougue, tem duas mulheres que vão conversando no tal hotel. Eu realmente entendo que essa parte é essencial da trama, mas o problema é que ela corta o clima do açougue. A ideia é que passam uns 10 minutos no açougue e ai passam mais uns 10 minutos no hotel e as duas mulher conversando alguma coisa, até que uma delas aparece em um quarto com o olho roxo e com a boca estourada. Ela apanhou do seu marido e quase apanhou depois da outra mulher, porque a que apanhou falou bem do marido da outra, só que a outra teve um ataque psicótico de ciúmes. Vai entender as mulheres.


Como está tudo organizado e o alvo já foi estabelecido pelo seu Zé o que resta para Cunha é comer um pouco antes de ele ir para o seu serviço. Claro que não podemos nos esquecer de uma boa bebida durante esse lanche e qual poderia ser a melhor opção nesse momento? Uma boa pinga. Agora com o bucho cheio, Cunha vai ficar de tocaia no hotel para esperar às 22 horas e dar uns pipocos no cara que está no quarto 22.


A fotografia do filme é um show aparte, achei linda e vibrante. Os diálogos que acontecem no açougue também são incrivelmente bons e divertidos, principalmente a discussão sobre o nosso ex-presidente o Molusco Marinho que teria todo o direito de beber umas pingas a hora que ele quisesse, já que ele é o homem e tem que aturar um monte de merda, ele pode beber pinga. Se essa fosse a lógica o Brasil seria o pais com o maior índice de consumo alcoólico da galáxia. O maior problema que achei foi à quebra do ritmo do açougue para o hotel. No açougue muito bom e no hotel fica muito chato e arrastado. Tirando isso o filme é muito bom e com um ótimo final, fazendo os seus 73 minutos com toda a parte arrastada ser uma ótima pedida. Como eu sempre falo: um filme nacional que não é uma pornochanchada, nem um filme político nem algo sobre a pobreza do nordeste já é uma vitória.


Agora quando aparece dentro do açougue uma maquina de pinball do Cavaleiro Negro, escorreu uma lágrima... muita grana gastei nessa porra de maquina e o pior é que nunca aprendi a jogar pinball direito.


Bom, vamos às notas:

Diversão
3
Tosquice
0
Trama / História
3



Pequena Fábula Urbana


Esse envolvente curta-metragem foi lançado em 2008 e também teve o roteiro e direção de Jimi Figueiredo. No elenco temos Catarina Accioly, Sérgio Sartório, William Ferreira e Ana Paula Braga.


A trama conta a história de Renata, uma mulher casada com um tiozinho que recebe a notícia que um casal de amigos está morando novamente na sua cidade e que o tiozinho combinou com esse casal um jobinho na noite. Logo depois que o tiozinho sai para o trabalho, Renata vai até a garagem e abre um baú, onde tem algumas fotos e recordações de seu passado. Dentro do baú também tem uma caixinha, tipo de musica, com o seu coração. Isso mesmo, o coração que ela retirou do seu peito antigamente. Só que por algum motivo ele resolve colocá-lo novamente e dar mais uma chance para o que está por vir.

Os 12 minutos do curta-metragem são envolventes e tem uma narração bem interessante, com duas pessoas comentando algumas sensações que Renata vai tendo ao longo do seu dia. Admito que quando a moça pega a caixinha e puxa um coração eu fiquei meio surpreso e é bem sinistro. Eu achei o curta na integra e vou colocá-lo abaixo para que quiser dar uma olha.


Bom, vamos às notas:

Diversão
2
Tosquice
0
Trama / História
3

2 comentários:

  1. O filme se passa num vilarejo do interior, num lugar tão desgraçado que as pessoas se matam por dinheiro, e tomam pinga no açouge e discutem se o presidente devia poder ou não tomar uma pinga. Cara, é um filme sobre a pobreza.

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    1. Tem pobreza, mas não é sobre pobreza. Esse é o meu ponto e eu entendo o que tu diz e tu também tem razão em parte.

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