segunda-feira, 27 de maio de 2013

IX FANTASPOA - Cozzilla

Godzilla / Cozzilla 1977

Como eu nunca tinha visto a versão americana do clássico japonês Gojira, resolvi dar uma chance para versão que Luigi Cozzi fez, mas vamos separa por partes para não nos perdermos. Gojira é um filme de 1954 que se tornou uma obra prima com o auxilio de quatro pessoas a meu ver. Primeiro temos a direção de Ishiro Honda que fez mais uma dúzia de filmes de monstros ajudando a cunhar a expressão KAIJU (monstro gigante) no Japão. A segunda pessoa foi o produtor Tomoyuki Tanaka, que acreditou nesses malucos e colocou dinheiro no que poderia ter sido um grande fracasso e se tornou uma das obras mais Cult japonesa. A terceira pessoa foi o compositor Akira Ifukabe que deu uma realidade descomunal para os rugidos do mostro mutante. Dizem às lendas que ele fez os barulhos do monstro utilizando uma luva de couro revestida de uma resina ungida pelos deuses e ficava subindo e descendo as cordas de um contrabaixo e reverberando o som gravado. A quarta pessoa foi o lorde japonês do efeito especial Eiji Tsuburaya, o pai do ULTRAMAN.


Em 1956 os americanos que não conseguem ver ninguém fazendo mais sucesso que eles, compraram os diretos do filme e fizeram a sua versão, chamada Godzilla, King of the Monsters. Até ai tudo bem, se não fosse o fato de eles mudarem o filme. Os americanos introduziram um personagem no meio da historia japa chamado Steve Martin, um repórter que está no Japão e relata para o United World News o ataque da lagartixa superdesenvolvida. Esse repórter foi interpretado por Raymond Burr que também é conhecido como o protagonista daquele seriado da TV chamado Pedemaisum. É Perry Mason... Na real esse Godzilla é o avô dos Power Ranges, feito pelo odioso Saban que eu amaldiçôo.


E eu quero pedir desculpas públicas para Luigi Cozzi que deve ter ficado com as orelhas muito vermelhas e espirrando sem parar por uma semana mais ou menos. Porque como eu nunca tinha visto a versão americana eu achei que tinha sido Cozzi que colocou esse esquema do repórter e também o amaldiçoei assim como o odioso Saban. Então DESCULPA Luigi Cozzi. Então qual foi o mérito de Cozzi nesse filme de 1977? Primeiramente vamos explicar quem é Luigi Cozzi.


Luigi Cozzi é um clássico italiano bonachão que já dirigiu e escreveu alguns clássicos do cinema como Hercules do Lou Ferrigno, Contamination, The Killer Must Kill Again e Paganini Horror. Se bem que o Paganini Horror não é um clássico, mas é bem legal. Ele se diz um grande fã de Godzilla e ele tentou comprar os direitos do Gorija, mas ele só conseguiu a maldita cópia americana. Só que como italiano é cabeça-dura, eles não tinham porque ir ao cinema assistir um filme preto e branco que já tinha sido visto por todos, foi ai que entrou a genialidade de Cozzi. Ele chamou Armando Valcauda e deu uma holy mission, utilizar uns géis coloridos e colocar isso no negativo do filme, quadro a quadro para deixar o filme colorido. O nome do efeito é Spectrorama 70, o efeito deixa o filme com muito brilho e que eu devo admitir que deve ter dado um trabalho fudido para fazer, mas o problema é que a cópia que chegou ao festival era do próprio Cozzi, ripado da TV italiana. Então ao invés de deixar o filme com muito brilho e colorido, acabou ficando um grande borrão com cores, mas tipo uma de cada vez. Principalmente amarelo, vermelho e verde, mas como falei um de cada vez. Também admito que o comercial de uma loja de departamento no meio do filme deu um charme especial, só que o borrão e a qualidade do TVRip comprometeram a diversão.


Outro mérito de Cozzi foi ter criado novos efeitos sonoros e trilha para o filme juntamente com Magnetic System. Foi utilizada uma coisa chamada Futursound que basicamente consistia em processar o som estereofonicamente e transformar em uma versão estérea magnética 8-tracks e transmitir em umas caixas de som com 10 metros de altura e espalhada por todo o cinema. O que realmente isso significa eu não tenho idéia, mas o que importa é que cada vez que Godzilla rugia ou caminhava o cinema tremia todo, que deve ter sido a coisa mais dukaralho da história. É claro que no Cine bancários não tinha esse efeito, então assistimos um filme borrado e estéreo.


Já que a versão americana já tinha cenas extras desse repórter, Cozzi tomou a liberdade e colocou outras cenas, mas pelo menos as deles foram legais e teriam sido muito mais se fossem introduzidas no filme original. As imagens eram do pós 2º GG, com o Japão arruinado por causa das duas bombas atômicas. São imagens de noticiários relatando a real destruição da guerra e o lastro de morte causado pela bomba H.


A história básica do Cozzilla é que uma criatura mutante pré-histórica surge do fundo do mar depois do terror nuclear e começa a destruir o Japão impiedosamente. O exercito japonês nada consegue fazer contra o poder da lagartixa gigante, até que um cientista cria um composto que consegue retirar o oxigênio da água matando qualquer coisa que fique no local e isso inclui o nosso jacaré-de-parede anabolizado. No meio de tudo isso tem o repórter Steve Martin que fornece para o mundo um relato estilo Gil Gomes do que está acontecendo na hora.


Os 90 minutos de filme foram uma experiência única que acredito que a pessoa que nunca viu o filme original ou o americano, deve ter ficado meio perdida em várias partes. Porque o borrão tomava conta e deixava a coisa confusa. Só que uma coisa é certa, quem não viu perdeu uma apresentação única do filme. Só para reforçar, DESCULPA Luigi Cozzi, mas desculpa por pensar que tu foi o único responsável por modificar o filme, mas eu não te desculpo por ter me contato antes da sessão que tinha super efeito do terremoto e que eu não ia sentir. E o pior é que paguei para assistir um borrão de um TVRip que não tremia... mas foi bacana.


Bom, vamos às notas:


Diversão
2
Tosquice
3
Trama / História
1

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