Inferno in Diretta – Cut and Run
– Inferno ao Vivo
Hoje no meu dayjob, o supervisor
Jean veio me perguntar: “Que picareta, faz quase um mês que tu não posta nada
no blog.” A resposta que dei para ele segue para todos os amigos do blog: “Eu
não publiquei nada porque eu não queria competir com a internet, então achei
melhor esperar um pouco para publicar alguma coisa.” As publicações do blog são
as segundas e quintas, casualmente os dias que os manifestantes escolheram para
mudar o Brasil. Então foi esse o motivo por não ter publicado nada. Recentemente
eu assisti a um vídeo publicado no blog de dois irmãos (Kvalo e Gugu) que mexeu
comigo. O vídeo era do Neil Gaiman e o blog é o FORMATINHO. Então eu resolvi
voltar a publicar normalmente e foda-se a internet.
É de 1985 mais uma pérola do
maestro Ruggero Deodato, que apareceu aqui no último ReviewMaluco em Caçadores de Atlântida. O
maestro é responsável pelo inigualável Cannibal Holocoust (calma que já vem o
review), The House on the Edge of the Park, A Face, Grite por Socorro entre
outras obras primas. O roteiro dessa vez ficou na mão de Cesare Frugoni (A
montanha dos Canibais, A Ilha dos Homens-Peixe) e do grande Dardano Sacchetti
que tem vários filmes incríveis no seu currículo. Alguns deles são: Demons
(trilha sonora dos Globlins), Terror nas Trevas, Manhattan Baby, Os Guerreiros
do Bronx, O Gato de Nove Caudas e tem também fez a história do filme Tulpa que
também passou no FANTASPOA, mas por conflitos de
horários eu não consegui assistir. Dizem os entendidos que teve mais uma cabeça
por trás do roteiro, que seria o premiado Luciano Vincenzoni. Esse italiano
escreveu um dos mais clássicos filmes de faroeste da história: The Good, The
Bad and The Ulgly e vários outros, passando por Orca – A Baleia Assassina, indo
para Jogo Bruto e acabando em Malena.
Como Ruggero ganhou orçamento
para fazer esse filme, diferente dos outros trabalhos do maestro, o elenco do
filme tem estrelas. Elas são Lisa Blount (The Accountant, Príncipe das Trevas),
Richard Lynch (Halloween -2007, A Espada e os Bárbaros), Richard Bright
(interpretou Al Neri nos três The Godfather), o grande Michael Berryman (Um
Estranho no Ninho, Devil’s Rejects), Eriq La Salle (o Petter Benton do Plantão
Médico e ele era o carinha que usava o Soul Glue no cabelo em O Príncipe em
Nova York), Karen Black (Cada um Vive Como Quer, A Casa dos 1000 Corpos), John
Steiner (Schock, Tenebre), Barbara “eu chupo” Magnolfi (Suspiria, The Sister of
Ursula) e Luca Barbareschi (Cannibal Holocaust). Como o filme não é feito
somente com estrelas, tenho que mencionar algumas pessoas e elas são Leonard
Mann (Escola Noturna, O Jardim dos Esquecidos), Willie Aames (ninguém menos que
Hank o Ranger na Caverna do Dragão), Gabriele Tinti (O Voo do Fênix, O
Passageiro da Chuva) e Valentina Forte (Body Count, Blastfighter). Valentina
não ficou por último por acaso, é que ela era a namorada de Deodato na época,
inclusive nos créditos iniciais tem o nome dela em destaque. Esse Deodato é
foda. Também tem no elenco um bando de índios brasukas, mas depois eu explico o
porquê. Quem ficou responsável pela trilha sonora dessa vez foi Claudio
Simonetti, mas não com a sua banda Goblins, em carreira solo.
No inicio do filme temos uma
sequência de ação muito foda. Ela se passa em uma refinaria clandestina de
cocaína no meio do nada. Parando para pensar agora uma refinaria de cocaína tem
que ser clandestina... de qualquer maneira, ela é atacada por uns índios
liderados por um careca com cara de psicopata (Michael). O ataque é rápido e
fulminante, deixando quase todos mortos. Quase porque as duas minas que não
foram mortas acabaram sendo estupradas e depois mortas e agora sim todos estão
mortos. O ataque teve o propósito de roubar a cocaína do pessoal que estava
trabalhando honestamente. Os índios e o careca entregaram o pó para um tiozinho
que pousou o seu avião no meio do rio e depois desaparecem na floresta. Uma boa
curiosidade é que a refinaria de coca era verdadeira. Isso foi muito bacana e
sinistro no inicio conta Deodato, mas depois virou um grande problema. Imaginem
um bando de estrelas de Hollywood no meio do nada e a única diversão era
cheirar cocaína, porque era de grátis...
Depois vamos para um aeroporto
onde uma mulher está chegando com uma criança de colo e como todos são pessoas
educadas, ela tem atendimento preferencial e passa pelos detectores e revistas
bem rápido. O esquema é que ao invés de uma pacata mãe, a mulher era uma
traficante de drogas, que estava carregando uma boneca cheia de pó. Na
realidade Deodato queria ter colocado uma criança morta só que o pessoal da
produção achou um pouco demais. A ideia surgiu de um caso verídico que
aconteceu em algum lugar do mundo que agora não me lembro de onde foi. A mulher
era uma traficante profi e só foi pega porque uma mulher no avião achou
estranho que a criança não abriu a boca durante todo o voo, então resolveu
alertar o pessoal do avião que acabaram descobrindo que a criança estava morta
e que ela usava a cria para contrabandear cocaína.
O importante é que tinha uma
repórter e o seu fiel câmera de tocaia nessa casa, onde estão os traficantes, para
conseguir um grande furo jornalístico, só que quando eles entraram para pegar o
pessoal com a boca na botija, eles já estavam mortos e a pergunta ficou no ar:
quem matou os traficantes? Agora com aquele sucesso no teste de Spot Hidden
eles encontraram uma foto com um Coronel que estava morto há muito tempo, mas o
mais curioso é que junto na foto está o filho do editor do programa deles, que
está desaparecido. Na boa que o Coronel não está muito morto pelo jeito ou o
filho do editor viajou no tempo e tirou uma foto há 20 anos. Para responder
essas perguntas latentes, a repórter e o câmera vão para o meio da Floresta
Amazônica já que o importante é ter uma boa história para contar.
O desaparecido pé frio está no
meio de uma refinaria de cocaína que é obvio que é atacada pelo careca e seus
índios demoníacos, só que o cara deu sorte e conseguiu fugir, junto com a
namorada de Deodato. Agora a coisa vira um jogo de gato e rato, a repórter vai
para um lugar e ele já foi atacado pela gangue de índios from hell. Será que
ela vai conseguir achar o Coronel e o filho do editor?
Para quem já assistiu Cannibal
Holocoust deve ter percebido que os filmes são meio parecidos em alguns
aspectos. O que acontece é que os produtores do filme queriam Cannibal
Holocoust, então o Maestro Deodato entregou para eles uma versão menos punk do
filme e todas as pessoas ficaram felizes. Um dos problemas da filmagem eram os
índios. Os índios bolivianos, peruanos, colombianos e venezuelanos não eram
convincentes o suficiente. Deodato conta que eles eram gordos ou muito urbanos
e ele queria algo tipo Cannibal Holocoust. Então ele optou pelos índios
brasileiros, só que ele não podia filmar os índios brasileiros no Brasil,
devido ao uma bobagem do nosso governo. Então se tu tens dinheiro na produção o
que tu faz? Enche um avião com um bando de tupiniquins e vai para fora do
Brasil para poder filmar.
Teve um caso contato por Deodato
que vai entrar para história. Então eu vou contar o milagre, mas não vou falar
o santo. Um dos atores era um gambá de marca maior e numa noite ele entortou os
canecos mais do que de costume e 3 da madrugada ele bateu na porta do quarto de
Deodato. O maestro atendeu com a melhor das boas vontades e segue o diálogo
abaixo:
Ator: Deodato, temos um
problema...
Deodato: O que foi fulano?
A: É um grande problema...
D: Conta o que aconteceu
A: Eu estou apaixonado pela sua
namorada
D: Ok, mas ela está apaixonada
por você?
A: Não
D: Então não temos um problema,
tu tens um problema;
A: É verdade, eu tenho um
problema... eu estou apaixonado pela sua namorada...
Deodato conta que esse diálogo
acontecia no corredor do hotel ao lado da porta do seu quarto e ele se arrastou
por quase duas horas, porque o cara era um bêbado profissional. Com aquele papo
de “eu te considero” e abraçando o cara e chorando como uma menininha que
perdeu a sua boneca preferida.
Outra curiosidade foi uma cena
que foi filmada de em dois aviões. Um deles está passando por uma cachoeira e
no outro esta a equipe de filmagem. O câmera tinha que ficar sentado na porta
do avião aberta e filmar o outro avião, mas na hora H ele se borrou e não foi.
Então Deodato assumiu o lugar do cagão e se sentou com as pernas para fora e
começou a filmar. O que vocês acham que aconteceu? Uma leve turbulência.
Deodato quase cai do avião com câmera e tudo e por um milagre quem foi que
salvou o maestro? O câmera cagão.
Como deu para notar o Deodato
falou muita coisa. Isso foi porque a sessão foi comentada por ele e garanto que
foi uma das coisas mais DUKARALHO do festival. Tu parar para conversar com o
seu ídolo e ele está ali, de boa, tirando umas fotos e assediando umas amigas.
Muito bacana. O filme originalmente era para ter sido dirigido por Wes Craven,
mas eu juro que não lembro o motivo de não ter sido ele e terem escolhido o
Deodato, mas tirando esses contratempos, tudo saiu dentro do previsto e os 90
minutos de filmes são muito bons. Agora quando eu estava procurando no Google umas
fotos para colocar no review e eu coloquei “inferno ao vivo 1985” e cliquei em
imagens... cara é muita coisa nada há ver, vai de RPM para Transformers.
Bom, vamos às notas:
Diversão
|
4
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Tosquice
|
3
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Trama / História
|
1
|
O teu conceito de "estrelas de Hollywood" precisa de uma revisao.
ResponderExcluirSem coração
ExcluirAí surge um imbecil pra comentar isso de não são estrelas, bla..manda os indios do filme devorar o cara que nem patinho.
ResponderExcluirCara, lembra aí de mais historias que o Deodato contou naquela sessão e pode comentar o filme todo tb. vlww
Agora quando sair o Review do Canibal Holocaust vai ter mais histórias do Maestro Deodato.
ExcluirSobre comentar o filme todo, normalmente eu só não conto o final ou alguma coisa muito importante, de resto vai tudo.
Obrigado pela leitura e continua acompanhando o blog.
Valeu a força